Efeitos do #LockDown. Efeitos do #Covid na Construção Civil
Fala-se em perda de empregos devido à technologia, mas esta não fala, não anda, não decide por si própria. Apenas os humanos o sabem fazer. Todos os dias...
Na última empresa que trabalhei aqui na Bélgica, uma empresa gerida por portugueses, fiquei alojado num prédio, em todo semelhante ao alojamento local. Por baixo, serviam as refeições diárias. O alojamento, um quarto com cerca de 4m2, e as refeições faziam parte do contrato. Contudo, nunca ficou escrito em papel. Foi apenas um contrato verbal, algo "normal" no empresário português, onde a realidade laboral se pode resumir do seguinte modo: “quem não concorda, pode ir procurar trabalho a outro lado, que o que não falta em mão de obra”.
No início do #Covid-19, o gerente informou-me que me ia meter em layoff. E assim foi. Ao mesmo tempo, ordenou a todos os 70+ empregados e trabalhadores que arrumassem os seus pertences do quarto onde se encontravam alojados e procurassem novo local para pernoitar. Motivo apresentado, ia ser feito obras de melhoramento no edifício. Forçado a procurar um quarto, num hostel, pensado eu que o covid-19 ia acabar dentro de semanas, conforme se ouvia falar.
Volvido cerca de um mês, o gerente da empresa chamou-me ao escritório, para me informar que a partir daquele momento estava despedido. A famosa expressão utilizada para me despedir: "podes voltar para portugal que já não preciso mais de ti aqui". Vai ficar a ecoar durante algo tempo na minha memoria.
Tudo cumprindo os prazos legais mínimos, enquanto mantinha o layoff
Passaram-se 3 meses até conseguir encontrar um apartamento e arrendar. Passaram-se 6 meses até conseguir receber o primeiro mês de subsídio de desemprego (algo mesmo muito pouco democrático para a bandeira azul europeia). Até esta data, ainda não recebi qualquer compensação nem mesmo subsidio de férias e de natal….
Pelo meio ficou por pagar 3 meses de alojamento num total de ~4500 euros mais as refeições diárias num total de ~1350 euros. Subsidio de férias e de natal num valor aprox a 4400 euros. Total: ~10.000 euros mais as horas extra dadas à empresa durante 18 meses que lá trabalhei, nunca inferior às 10h por dia, e muitas vezes próximo das 15h por dia.
Para conseguir gerir 7 estaleiros, 70+ trabalhadores enquanto programava e um sistema multiplataforma para gestão das tarefas em obra, inc. Recursos humanos, em tempo real e remotamente.
Zero palavras ou gestos de agradecimentos sobre todo esse esforço pessoal. O último comentário que me lembro sobre a plataforma foi, que "não estava a registar os dados corretamente e que tinha muitos erros…". Foi assim que me agradeceram no fim. Portugueses, no estrangeiro, a viver á custa da miséria de quem trabalha.
Hoje levanta-se a questão, o facto de a empresa estar num processo de transformação tecnológica, não ter servido como desculpa para manter o "business as usual" a funcionar durante mais tempo, enquanto ia agradando às autoridades e fiscais sobre os seus progressos tecnologicos. Assim como ouço, ouço aqui e ali, interrogarem-se, como é que é possível, deixar gerir uma empresa que faturava ~2milhões ao ano, por um empregado* de restaurante que apenas aparecia esporadicamente na empresa e uma aluna do curso técnico de contabilidade…2 milhões de euros é “muita massa” como diria o meu pai, numa alusão e chamada de atenção para possíveis descuidos observáveis.
”os belgas são pessoas de duas caras”
(ouvi eu um certo dia)
Assim são os portugueses para com os portugueses. Assim são os belgas no que diz respeito à integração social entre europeus e ao trabalho humano, ao esforço que cada um dá para uma empresa, quase sem rosto à procura do lucro fácil, imediato, e sem qualquer intenção de crescimento sustentado. Esta é a realidade do empreendedorismo português: sem "business plan", mas a desfrutar de descontos nos impostos ao máximo pelo tempo máximo permitido por lei.
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